Está terminando mais um macro ciclo de treinamento (semestre) e sempre escuto reclamação ou um certo inconformismo por resultados alcançados.
A Performance de um nadador depende de uma série de fatores que já iniciam pela INDIVIDUALIDADE BIOLÓGICA. A individualidade biológica depende exclusivamente das capacidades individuais e da carga genética. A carga genética ou GENÓTIPO é que determina fibras musculares, biotipo, altura, musculatura, maturidade entre outros, sendo assim, são as características morfológicas, fisiológicas e comportamentais que interferem ou modificam o resultado de um atleta.
Por outro lado, temos outros fatores que interferem no resultado e são “externos”, ou seja que não dependem do genótipo como dieta, capacidade intelectual e principalmente a técnica. Dá uma grande resenha.
Se padrões de genótipo influenciam no resultado, obviamente eles também influenciarão na técnica. Por exemplo, maior envergadura, maior possibilidade de um menor número de braçadas, mas o que me preocupa mesmo são os resultados muito avançados nas idades muito jovens, que os pais principalmente comparam!
A natação é uma esporte de resistentes e não um “sprint”! E existe um preço para tal! Resultados bem mais fortes sempre tem explicações. Ou o nadador é muito mais desenvolvido fisicamente, e tem muito a ver com a maturidade e inclusive a data de nascimento. Nadadores que maturam ou crescem mais cedo terão mais vantagem, nadadores que nasceram em janeiro terão mais vantagens sobre os que nasceram no final do ano.
Sim, nadadores que treinam mais, terão vantagem nos seus resultados e assim por diante e vice-versa. E aí está o ponto-chave, porque uma exigência demasiada no treinamento das crianças e pré-adolescentes irá acarretar consequências na sequencia da carreira atlética e comprometerão os resultados futuros.
Muitos nadadores são campeões somente no mirim, no petiz ou no infantil. E depois?
Outra coisa também que procuro alertar os pais e treinadores é sobre a carga glicolítica de um atleta jovem. Crianças de mesma idade, porém menores em tecido adiposo, massa muscular devem ter tratamento e treinamento diferenciado, pois tem menor energia armazenada e consequentemente menor capacidade de trabalho. Irão render menos ou gastar as reservas mais rápido. Um cuidado todo especial deve-se praticar com esses “clientes”.
O gasto energético também está associado a capacidade técnica de cada um. Aqueles que nadam com menor arrasto, com menor número de braçadas também gastam menos energia, “vão mais longe”.
Por isso comparar esse com aquele nadador, pode ser uma falta de conhecimento ou uma certa desinformação, digamos um tipo de experiência. O que precisa ser mesmo comparado é o indivíduo com o indivíduo, se ele melhorou seu tempo, se ele melhorou a eficiência mecânica, se ele melhorou seus parâmetros fisiológicos. Chegar em um lugar tão sonhado, seja um simples pódio de estadual ou até mesmo nas Olimpíadas, será consequência de inúmeros fatores, que aí sim mostrarão o porque um faz e o outro não, essa tal de comparação.
Assim nessa idade de mirim a infantil, é a idade de aprender o que e como fazer, para quando chegar no juvenil aprender a treinar e se preparar para competir. Não podemos deixar nossa competição interna atingir e responsabilizar nossas crianças nadadores. São de fato crianças, mas tendo praticamente rotina de adultos.
A Natação é eterna, para toda a vida, até os +100, sendo assim há ainda muito tempo para o pódio. É hora de todos compreenderem.
Foto InMenlo
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