Apesar do descrédito que paira atualmente na formação de um profissional de Educação Física no Brasil, instituições de ensino superior tem se empenhado no desenvolvimento destes, principalmente nos níveis de pós-graduação, variando de aluno a aluno o interesse e aprofundamento, já que exigem de seu corpo docente, ALTA FORMAÇÃO – a de no mínimo MESTRADO.
Precisamos parar de achar que falar sobre um determinado tema é o mesmo que saber! ISTO É EMPIRISMO!
Apesar de que comparar Natação com Futebol é um tanto antagônico. Não se pode sair por aí nadando de “qualquer jeito”, até porque somos terrestre e não aquáticos. E nosso futebol ainda é 1×7.
Achar que EXPERIENCIA é CONHECIMENTO é ledo engano. Do CONHECIMENTO se cria a EXPERIENCIA, logo é preciso estudar.
A imitação e a cópia são palavras sinônimas. Mas aqui, para este pequeno texto, elas serão diferentes. Uma diferença sutil, porém determinante para a edificação do belo e a transcendência do ser humano.
Para os empíricos a metodologia para o sucesso é a cópia. Parte-se do pressuposto de que se temos um modelo que apresenta bons resultados, a garantia para se continuar tendo êxito está na sua fiel reprodução.
Este paradigma ainda rege o mundo. A grande maioria das pessoas, inconscientemente, pensa assim. Concomitantemente age assim e, ainda mais, espera que outras assim também procedam.
Exemplos? Tenho inúmeros, para todas as áreas e gostos. Poderia falar de hábitos, ditados populares, escolas, modo de produção. Mas, propositadamente, ficarei no futebol.
No futebol, por exemplo, segundo esta lógica, o melhor técnico só pode ser o ex-jogador, pois ele é o modelo. Só ele domina os padrões de movimentos a ser copiados. Ele mostra como faz e os alunos copiam. Quem não reproduzir fielmente está errado. O espelho que é o professor está lá para corrigir os movimentos. Sua função é não deixar que se aprenda o movimento errado. Seu lema é não deixar acontecer o que diz o ditado “pau que nasce torto, morre torto”.
Contudo, a cópia enclausurada no método descrito acima vai contra a lógica da aprendizagem. A aprendizagem significativa se dá por meio do que chamo aqui intencionalmente, imitação. Na imitação o espelho não se encontra à frente, mas no interior de cada pessoa.
Para melhor entendimento, convido você a se recordar do seu tempo de infância. Na época em que sua maior preocupação era a de se transformar no rei da rua. No maior jogador de bola das redondezas.
Veja como é simples, porém com desdobramentos complexos e profícuos.
Você, como eu, tinha seus ídolos. Você os via jogar. E quando algum deles marcava um gol de placa, como, por exemplo, os gols feitos pelo Brasil na virada frente à URSS no jogo de estréia da Copa de 1982, nascia em você, como emergiu em mim, o desejo de imitá-los.
Acabava o jogo e ia lá você para o campinho, para a rua, ou para o quintal, quarto, sala, cozinha, garagem… enfim, onde fosse possível criar um campo de futebol (e atesto que todos estes locais acolheram perfeitamente o meu Maracumbi).
Estes campos serviam como palco. Imitava-se “perfeitamente” os ídolos. Digo perfeitamente entre aspas, pois o espelho não está mais à frente, como disse anteriormente, está no interior da mente, alimentando a imaginação.
Sem o espelho, é preciso trazer a imagem para dentro. No momento em que ela entra é contaminada pelo eu. O eu a que me refiro estabelece um filtro que seleciona o que e como as coisas podem entrar. Assim interioriza-se somente aquilo que é significativo. Além do que, o eu estabelece parâmetros auto-críticos para a auto-correção.
Se o que é para ser imitado agora está impregnado pelo eu, logo quando se satisfaz os desejos pela imitação, a motricidade não mais expressa um movimento padrão qualquer (muito menos o movimento que serviu inspiração), mas sim o meu movimento, ou melhor, a minha forma e capacidade para interpretar aquilo que vi, gostei, procurei imitar, imitei e me satisfiz ao revivê-lo do meu jeito.
Desse modo, o meu movimento passa a ter os meus traços. Estabeleço meu estilo. Crio as minhas ações. Humanizo o meu gesto. Produzo cultura. Sou autodidata. Amplio minha inteligência.
Sou como o artista: expresso pela motricidade lúdica minhas impressões sobre o mundo. Uso a minha motricidade para transcender e superar as minhas carências, como diria o professor Manuel Sérgio.
Por fim, quero com a distinção entre a imitação e a cópia destacar duas hipóteses. A primeira referente ao como se deu a construção de um estilo peculiar do brasileiro para jogar futebol, e a segunda, as causas da premeditada ruína deste estilo encantador e belo.
Na verdade, para mim não são hipóteses, mas sim, teses.
Infelizmente, ainda vejo muitas pessoas difundindo o método da cópia em detrimento ao estímulo à imitação. São poucos os que vejo criando ambientes de aprendizagem que valorizem o eu e estimulem a imaginação.
